Movimento Malê

O Movimento Malê foi criado no dia 31 de outubro de 2022 e atua desde então na cidade de Ipojuca – região metropolitana do Recife. Tudo começou com o reconhecimento do legado da escravidão na economia, na política e na cultura contemporânea da cidade que tem uma das praias mais conhecidas do Brasil (Porto de Galinhas), onde havia sido estabelecida uma das principais redes de apoio ao tráfico negreiro do Litoral Sul. O projeto visa combater a desinformação que atravessa as minorias e os grupos marginalizados, levados muitas vezes a entender que os problemas pelos quais são afetados e sua condição social são partes determinantes da estrutura; ser uma das vozes que opera em favor da margem, tendo como parte das suas metas a descolonização do mental ipojucano e a revolução intelectual.

A principal inspiração do Movimento é a Revolta dos Malês que ocorreu na Bahia no ano de 1835. Naquela época, africanas e africanos escravizados eram traficados do norte da África até Salvador. Acontecia que muitas dessas pessoas eram islamizadas e fluentes em árabe, por isso chamadas de malês. Como os colonos não entendiam nada da língua, os escravizados sob liderança de Luiza Mahin conseguiram se comunicar, espalhar seus informes por toda cidade e promover um levante que desestruturara por um curto período o governo da Bahia e que visava a libertação das pessoas pretas e negras.

O Malê atua em duas frentes: nas mídias/redes sociais (Spotify e Instagram) e no movimento de rua organizado (Lambe-lambe nas esquinas e vielas). O projeto foi desenvolvido pensando em alcançar e conscientizar as pessoas sobre desigualdade social, consciência de classe, racismo e outras questões por meio da distribuição gratuita de livros. Periodicamente são espalhadas folhetos com mensagens de reflexão e conscientização sobre essas pautas em lugares onde transitam pessoas diariamente e, como recompensa por encontrarem os cartazes, elas ganham livros que abordam essas temáticas já mencionadas. Djamila Ribeiro, Jeferson Tenório e Ailton Krenak são exemplos de escritores que fazem parte do projeto por meio dos seus escritos.

“Até o fim você acreditou que os livros poderiam fazer algo pelas pessoas.”

– O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório.